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    15 de abr. de 2003

    Poderia ter acontecido em Paris, no século XIX. No romance Os Miseráveis, Jean Valjean rouba pão e é condenado a 19 anos de prisão. Mas aconteceu em São Bernardo do Campo, no final de 1995.

    O operário J., 44 anos de idade, foi detido pelos guardas de segurança da Forjaria São Bernardo, do grupo SIFCO. Levava dois pãezinhos, que segundo a empresa, eram "três ou quatro", furtados da lanchonete. J. foi chamado no dia seguinte para ser demitido. Fazia tempo suspeitava-se de J., o qual, uma vez apanhado, confessara que sempre levava os pães, para comer durante o horário de trabalho, porque sofria de gastrite e a comida do refeitório lhe fazia mal. O fato, havia muito tempo, era de conhecimento de seus colegas e de seu chefe.

    J. era agora um ladrão desempregado. Seus 20 anos de serviços sem repreensão na SIFCO transformaram-se em nada.

    Para a SIFCO, o caso estava encerrado. Porém, no dia seguinte, "os encrenqueiros do sindicato" começaram a fazer barulho na porta da fábrica. Num comunicado ao público, a SIFCO informou que o metalúrgico J. cometera falta grave e havia sido demitido por justa causa.

    O caso chamou a atenção da imprensa e saiu nos jornais. A diretoria da SIFCO viu o tamanho do problema e percebeu que castigar quem rouba pão é má idéia desde que Victor Hugo contou a história de Valjean. Numa reunião, os diretores decidiram voltar atrás, por causa da publicidade negativa. Alguns dias depois, novo comunicado nos jornais informava que a SIFCO considerava a demissão do agora sr. J. "um fato isolado, lamentável e equivocado". Ele estava sendo reabilitado e chamado de volta ao emprego.

    Ao voltar, perguntado sobre a possibilidade de processar a empresa, disse o sr. J.:
    - Eu gosto da empresa. Tudo o que tenho foi dela que recebi. Não quero que ela seja prejudicada.

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