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    16 de nov. de 2002

    Não pretendo, neste post, fazer uma apologia do poeta Paulo Leminski, mas apenas explicitar porque ele é merecedor de minha atenção e admiração.
    Primeiro de tudo, pela sua formação. Foi um autodidata, aos 15 anos já sabia latim e procurava aprender o grego, línguas que sabemos ser as principais antecessoras do nosso português. Também pelo seu posicionamento, anti-establishment e até como foi considerado, porra-louca. Quem é que - já tendo passado pelos 17 anos de idade - nunca o desejou ser, rebelde sem causa, porém estacionou no plano das idéias? Admiro-o também porque ele não negou suas origens, mesmo sendo provinciana e culturalmente distante dos grandes centros; e ao invés de ir em busca de suas preferências e necessidades pessoais, preferiu ficar em sua terra para se tornar uma espécie de revolucionário no marasmo intelectual que ali pairava à época. É importante também abordar uma perspectiva histórica, ou seja, neste período efervescente (a partir de 64) aconteceram coisas que os mais novos nem fazem idéia de como foram difíceis, mas que foram fundamentais para que hoje conheçamos um pouco melhor o que significa "liberdade de expressão".
    Em relação ao conteúdo de sua produção, não sou um crítico literário nem tenho pretensões de chegar a sê-lo, mas posso afirmar que o que admiro em Leminski é sobretudo sua poética (tentei ler o Catatau, mas não passei da décima página; sem dúvida, sua prosa é uma tarefa para os críticos).
    Críticos à parte, concordo com ele quando fala que a poesia não precisa versar necessariamente sobre sentimentos, e valorizo sobremaneira esse aspecto em sua poética. Também acho importante destacar que não se rendeu ao concretismo, apesar de andar e produzir junto com os irmãos Campos e Décio Pignatari, o que seria, convenhamos, uma coisa simples: comprar uma idéia pronta e acabada sem ao menos questioná-la. Nesse sentido, Leminski foi além ao beber das mais diversas fontes, passando pelos simbolistas e até o Instituto Neopitagórico.

    Para finalizar, digo que achei por bem, mas não precisaria de nada do que foi dito até aqui para falar que admiro a obra poética de Leminski assim como um ignorante em artes plásticas olha para uma produção de Poty Lazarotto numa rua da cidade e consegue apreciá-la sem, para tanto, conhecê-lo profundamente.

    o pauloleminski
    é um cachorro louco
    que deve ser morto
    a pau a pedra
    a fogo a pique
    senão é bem capaz
    o filhadaputa
    de fazer chover
    em nosso piquenique

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